domingo, 11 de março de 2012

Narcolepsia.

Pesa-me como chumbo. Faz-me curvar, esta sina, até não conseguir ver além das minhas passadas. Com o passar das horas pesa ainda mais. Com o passar do tempo, habituo-me. É uma vantagem.
Estou ebúrnea. Sou aquela que era. Aquela. Aquela que costumava ser. Porém, de acordo com sinais erróneos, custa. Custa tanto quanto pensar. Elaborar textos de maneira a expressar-me é o que anda me resta. Ainda. Digo, ainda. E ainda que seja somente isto que me resta, é o que me rege.
Posso pensar - e penso - que me ouves baixinho. Como um sussurro lento e melancólico. Mas, será que a mensagem fica? Penso e, pouco depois, anuo. Não não me ouves num sussurro lento e melancólico. Ouves-me aos gritos dentro do teu corpo. A percorrer-te que nem louca. Claro! Claro como a passagem pelo caminho barulhento de hoje. E de ontem. E, claro está, como o de amanhã será.
Posto isto, tento levantar as pálpebras para evitar a queda. Só a queda - ou a sua possibilidade - me demove. Depois, quando finalmente levanto as pálpebras e não caio, desejo ter os olhos cravados nas minhas passadas. Não suporto aqueles olhares. Indiscretos. Verdes. Penetrantes. São como supositórios falantes. Com sorrisos distorcidos. Degradados, derretem sob a sua própria ignorância.
Ah! Ignorância. Apodera-te de mim! Cessa-me os soluços. Enxuga-me os rios tristes que nascem e desaguam neste corpo. Permite que seja feliz. Permite que me derreta.

Para ti. Sempre.

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