Summer after high school when
we first met
We'd make out in your Mustang
to Radiohead
And on my 18th birthday
We got matching tattoos
Used to steal your parents' liquor and
climb to the roof
Talk about our future like we had
a clue
Never planned that one day
I'd be losing you
In another life, I would be your girl
We'd keep all our promises, be us
against the world
In another life, I would make you stay
So I don't have to say you were
The one that got away
The one that got away
I was June and you were my
Johnny Cash
Never one without the other,
we made a pact
Sometimes when I miss you
I put those records on
Someone said you had your
tattoo removed
Saw you downtown, singing the blues
It's time to face the music
I'm no longer your muse
In another life, I would be your girl
We'd keep all our promises, be us
against the world
In another life, I would make you stay
So I don't have to say you were the
one that got away
The one that got away
The one that got away
All this money can't buy me
a time machine, no
Can't replace you with a
million rings, no
I should have told you what you
meant to me, whoa
'Cause now I pay the price
In another life, I would be your girl
We'd keep all our promises, be us
against the world
In another life, I would make you stay
So I don't have to say you were the
one that got away
The one that got away
In another life, I would make you stay
So I don't have to say you were the
one that got away
The one that got away
quinta-feira, 29 de março de 2012
The one that got away.
domingo, 18 de março de 2012
Escrevi teu nome no vento.
Escrevi teu nome no vento
Convencido que o escrevia
Na folha dum esquecimento
Que no vento se perdia
Ao vê-lo seguir envolto
Na poeira do caminho
Julguei meu coração solto
Dos elos do teu carinho
Em vez de ir longe levá-lo
Longe, onde o tempo o desfaça
Fica contente a gritá-lo
Onde passa e a quem passa
Pobre de mim, não pensava
Que tal e qual como eu
O vento se apaixonava
Por esse nome que é teu
E quando o vento se agita
Agita-se o meu tormento
Quero esquecer-te, acredita
Mas cada vez há mais vento
Convencido que o escrevia
Na folha dum esquecimento
Que no vento se perdia
Ao vê-lo seguir envolto
Na poeira do caminho
Julguei meu coração solto
Dos elos do teu carinho
Em vez de ir longe levá-lo
Longe, onde o tempo o desfaça
Fica contente a gritá-lo
Onde passa e a quem passa
Pobre de mim, não pensava
Que tal e qual como eu
O vento se apaixonava
Por esse nome que é teu
E quando o vento se agita
Agita-se o meu tormento
Quero esquecer-te, acredita
Mas cada vez há mais vento
terça-feira, 13 de março de 2012
Amanhã.
Disse. Disse que te amo. Deixei a palavra alforriar-se indefinidamente
dos lábios, como uma sentença pronunciada demasiado cedo.
Foi um "amo" com sabor de despedida. A despedida que nunca ambicionamos fazer, que desejamos sempre demorar.
Dei-lhe asas. Deixei-a ciar. Existem termos que nos saturam a alma. E nessa palavra assentei todo o anseio.
Era eu. Eu, costurada em cada letra. Eu, refletida em cada nuance.
Existem palavras que nos doutrinam. Existem palavras que superam a sua força.
Hoje, o sigilo a que me envio, grita de uma forma que me despedaça. Toda.
Mas não o vou calar. Sei que hoje o silêncio tem sabor a ti. Tem sabor de adeus, de "amo-te" em cada porção do seu corpo disforme.
Só o silêncio, só o seu grito, me pode apagar a dor...
Existem silêncios demasiado nossos. Este... é um deles.
Foi um "amo" com sabor de despedida. A despedida que nunca ambicionamos fazer, que desejamos sempre demorar.
Dei-lhe asas. Deixei-a ciar. Existem termos que nos saturam a alma. E nessa palavra assentei todo o anseio.
Era eu. Eu, costurada em cada letra. Eu, refletida em cada nuance.
Existem palavras que nos doutrinam. Existem palavras que superam a sua força.
Hoje, o sigilo a que me envio, grita de uma forma que me despedaça. Toda.
Mas não o vou calar. Sei que hoje o silêncio tem sabor a ti. Tem sabor de adeus, de "amo-te" em cada porção do seu corpo disforme.
Só o silêncio, só o seu grito, me pode apagar a dor...
Existem silêncios demasiado nossos. Este... é um deles.
Existem vácuos que nunca se irão encher.
Os meus, são demasiado densos. São ecos de dias tão diuturnos. São uma sombra do meu sorriso ido...
Queria que entendesses a dor. De não existir muitas mais razões para chorar e, no entanto, o corpo despedaçar a cada instante...
Ouves? Há um burburinho de afago que açambarca o tempo. Em nós!
Mas eu estou tão vazia. Eu era eu, sabias? Contra tudo, contra todos, era eu. Eu.
E ainda nem sabia o que isso era. Só sabia ser, desesperada por uma ocasião de sossego.
Existem viagens que, quando terminadas, já não importa se chegaste ou não. O preço é descomedido.
Fiz muitas. Muitas viagens. Cá dentro. Admiti bocados de mim que não amo. Encarei-os.
Eles ainda existem.
Hoje, eu, já não sou eu. A viagem completou-se e eu permaneci na expectativa de um amanhã que jamais chega.
Amei os filhos que não tive, sonhei com a casa que não edifiquei, afaguei um rosto que não conheci, deliciei-me com os embriões que o meu ventre se nega a passear.
E, abruptamente, chegou o vácuo.
Nada importa quando o ontem te rouba o amanhã.
E o amanhã, amor... jamais chega.
Os meus, são demasiado densos. São ecos de dias tão diuturnos. São uma sombra do meu sorriso ido...
Queria que entendesses a dor. De não existir muitas mais razões para chorar e, no entanto, o corpo despedaçar a cada instante...
Ouves? Há um burburinho de afago que açambarca o tempo. Em nós!
Mas eu estou tão vazia. Eu era eu, sabias? Contra tudo, contra todos, era eu. Eu.
E ainda nem sabia o que isso era. Só sabia ser, desesperada por uma ocasião de sossego.
Existem viagens que, quando terminadas, já não importa se chegaste ou não. O preço é descomedido.
Fiz muitas. Muitas viagens. Cá dentro. Admiti bocados de mim que não amo. Encarei-os.
Eles ainda existem.
Hoje, eu, já não sou eu. A viagem completou-se e eu permaneci na expectativa de um amanhã que jamais chega.
Amei os filhos que não tive, sonhei com a casa que não edifiquei, afaguei um rosto que não conheci, deliciei-me com os embriões que o meu ventre se nega a passear.
E, abruptamente, chegou o vácuo.
Nada importa quando o ontem te rouba o amanhã.
E o amanhã, amor... jamais chega.
Por vezes, queria dizer-te que a aflição é elevadamente real para ser
apenas delírio.
Por vezes, queria abraçar-te e implorar-te que não fosses... Que ficasses aqui e me embalasses como a uma miúda.
O pânico invade-me. Depois, uma espiral, uma espiral que me atira contra a parede e me devora a pretensão de estar perto de pessoas.
Lágrimas cristalizam-se na garganta e criam um colossal nó.
Por vezes, queria dizer-te que só a tua presença me acalma esta ânsia. Outras vezes, exclusivamente ambiciono permanecer a ouvir o silêncio piar, enquanto, de olhos fechados, te imprimo anos e anos de fantasias escavacadas e geadas que submergem o meu corpo.
...
Não consigo falar com eles, sabias? Eles viajam na mesma casa que eu, mas são meras plateias silenciosas das minhas fiéis mutações de génio.
Sempre tive riso fácil. Vendo a minha boca a gargalhadas que jamais me beijaram o coração.
Sempre fui a mais forte. Sempre. Eles acham que será sempre assim! Que nos malditos períodos eu irei confortá-los e, que ainda me aliviarei a mim mesma.
...
Estou tão doente... Sinto-o nos ossos. Sinto-me a definhar. A minha mente! Não está aqui.
Sabes, amor? O cansaço é uma moléstia que nos deixa frouxos. E eu estou tão cansada... Quando acordo, penso que acordo para um novo sonho. Tudo se me é baço aos olhos.
Eu sei que isto vai acabar. Eu sei que esta espera que me esfola os joelhos vai terminar e, então, tudo vai ficar bem.
Eu repito-o para os outros. Como se fosse um hino corriqueiro. Rio-lhes. Afago as suas imponderações e cochicho que a vida é um colossal inventário de pedregulhos na estrada e que, mesmo assim, a vida não tem fim.
E é verdade... Quem acaba sou eu. Eu é que me revogo nestes sossegos, nestas constantes implosões, nestes extermínios que escondo atrás do ar desleixado e confiante.
E depois, inundo-me de aflição e equívocos e choros que nunca sei soluçar e que só fluem na voz.
Eu sei que amanhã é outro dia e que eu sempre fui catedrática no que toca a fingir forças e cafunés.
Eu sei tudo isso. Eu sei.
Fui eu quem idealizou as mais belas frases de alívio e quem depois as repetiu a si mesma enquanto, do ar, caíam denúncias.
Fui eu quem acariciou os meus dedos frios nas noites em que ninguém vinha ver se os cobertores existiam.
Fui eu quem escreveu contos para entreter os gritos que se me semeavam nos blocos, nos jornais, nas paredes, nos termos que jamais aceitei deixei sair do peito.
Sim, amor. Fui eu. Eu que tricotei muralhas em volta do meu “eu” tão moribundo e me liquidei moderadamente.
Porque não o sei fazer agora?
Porque agora não estou sozinha. Agora existes. E o meu eu já não contesta os contos, nem os meus dedos, nem as minhas citações.
Apenas as tuas.
Só a tua pseudo-presença serena esta miséria.
Nunca falei o mesmo idioma que as outras meninas. Nunca fui casta e ingénua. Mas fui romântica.
Ainda sou.
E veio a escrita. O meu defeito e a minha redenção.
Queria dizer que ela existe porque tu existes. Ou, que ela dura porque é boa. Mas não. Ela existe meramente porque vivo.
É implicação da minha voz mitigada assim como a sombra é consequência do Sol.
Por vezes quero tão só dizer que te amo... E é essa a única certeza que tenho nesta argila que sou. Onde chafurdo nas minhas próprias indecisões.
Outras vezes... Estou demasiado espairecida a fingir prosperidade para me lembrar do que, realmente, penso ou quero ou planeio.
Vou esperar o teu retorno.
Até lá, grito silenciosamente. Para não os despertar e chocar... Vou continuar a admitir as suas presenças tão subtis, tão cegas.
Quase te posso notar, mas não te consigo tocar. Nunca consegui.
Por vezes, queria abraçar-te e implorar-te que não fosses... Que ficasses aqui e me embalasses como a uma miúda.
O pânico invade-me. Depois, uma espiral, uma espiral que me atira contra a parede e me devora a pretensão de estar perto de pessoas.
Lágrimas cristalizam-se na garganta e criam um colossal nó.
Por vezes, queria dizer-te que só a tua presença me acalma esta ânsia. Outras vezes, exclusivamente ambiciono permanecer a ouvir o silêncio piar, enquanto, de olhos fechados, te imprimo anos e anos de fantasias escavacadas e geadas que submergem o meu corpo.
...
Não consigo falar com eles, sabias? Eles viajam na mesma casa que eu, mas são meras plateias silenciosas das minhas fiéis mutações de génio.
Sempre tive riso fácil. Vendo a minha boca a gargalhadas que jamais me beijaram o coração.
Sempre fui a mais forte. Sempre. Eles acham que será sempre assim! Que nos malditos períodos eu irei confortá-los e, que ainda me aliviarei a mim mesma.
...
Estou tão doente... Sinto-o nos ossos. Sinto-me a definhar. A minha mente! Não está aqui.
Sabes, amor? O cansaço é uma moléstia que nos deixa frouxos. E eu estou tão cansada... Quando acordo, penso que acordo para um novo sonho. Tudo se me é baço aos olhos.
Eu sei que isto vai acabar. Eu sei que esta espera que me esfola os joelhos vai terminar e, então, tudo vai ficar bem.
Eu repito-o para os outros. Como se fosse um hino corriqueiro. Rio-lhes. Afago as suas imponderações e cochicho que a vida é um colossal inventário de pedregulhos na estrada e que, mesmo assim, a vida não tem fim.
E é verdade... Quem acaba sou eu. Eu é que me revogo nestes sossegos, nestas constantes implosões, nestes extermínios que escondo atrás do ar desleixado e confiante.
E depois, inundo-me de aflição e equívocos e choros que nunca sei soluçar e que só fluem na voz.
Eu sei que amanhã é outro dia e que eu sempre fui catedrática no que toca a fingir forças e cafunés.
Eu sei tudo isso. Eu sei.
Fui eu quem idealizou as mais belas frases de alívio e quem depois as repetiu a si mesma enquanto, do ar, caíam denúncias.
Fui eu quem acariciou os meus dedos frios nas noites em que ninguém vinha ver se os cobertores existiam.
Fui eu quem escreveu contos para entreter os gritos que se me semeavam nos blocos, nos jornais, nas paredes, nos termos que jamais aceitei deixei sair do peito.
Sim, amor. Fui eu. Eu que tricotei muralhas em volta do meu “eu” tão moribundo e me liquidei moderadamente.
Porque não o sei fazer agora?
Porque agora não estou sozinha. Agora existes. E o meu eu já não contesta os contos, nem os meus dedos, nem as minhas citações.
Apenas as tuas.
Só a tua pseudo-presença serena esta miséria.
Nunca falei o mesmo idioma que as outras meninas. Nunca fui casta e ingénua. Mas fui romântica.
Ainda sou.
E veio a escrita. O meu defeito e a minha redenção.
Queria dizer que ela existe porque tu existes. Ou, que ela dura porque é boa. Mas não. Ela existe meramente porque vivo.
É implicação da minha voz mitigada assim como a sombra é consequência do Sol.
Por vezes quero tão só dizer que te amo... E é essa a única certeza que tenho nesta argila que sou. Onde chafurdo nas minhas próprias indecisões.
Outras vezes... Estou demasiado espairecida a fingir prosperidade para me lembrar do que, realmente, penso ou quero ou planeio.
Vou esperar o teu retorno.
Até lá, grito silenciosamente. Para não os despertar e chocar... Vou continuar a admitir as suas presenças tão subtis, tão cegas.
Quase te posso notar, mas não te consigo tocar. Nunca consegui.
Aqui ao lado, eles prosseguem as suas vidas. Paralelas
à minha.
À minha vida que só o é quando estás comigo.
À minha vida que só o é quando estás comigo.
domingo, 11 de março de 2012
Mais um fado no fado.
Eu sei que esperas por mim
Como sempre, como dantes
Nos braços da madrugada...
Eu sei que em nós não há fim,
Somos eternos amantes,
Que não amaram mais nada.
Eu sei que me querem bem,
Eu sei que há outros amores
Para bordar no meu peito.
Mas eu não vejo ninguém,
Porque não quero mais dores
Nem mais baton no meu leito.
Nem beijos que não são teus,
Nem perfumes duvidosos,
Nem carícias perturbantes,
E nem infernos nem céus,
Nem sol nos dias chuvosos,
Porque inda somos amantes.
Mas Deus quer mais sofrimento,
Quer mais rugas no meu rosto
E o meu corpo mais quebrado...
Mais requintado tormento,
Mais velhice, mais desgosto,
E mais um fado no fado.
Como sempre, como dantes
Nos braços da madrugada...
Eu sei que em nós não há fim,
Somos eternos amantes,
Que não amaram mais nada.
Eu sei que me querem bem,
Eu sei que há outros amores
Para bordar no meu peito.
Mas eu não vejo ninguém,
Porque não quero mais dores
Nem mais baton no meu leito.
Nem beijos que não são teus,
Nem perfumes duvidosos,
Nem carícias perturbantes,
E nem infernos nem céus,
Nem sol nos dias chuvosos,
Porque inda somos amantes.
Mas Deus quer mais sofrimento,
Quer mais rugas no meu rosto
E o meu corpo mais quebrado...
Mais requintado tormento,
Mais velhice, mais desgosto,
E mais um fado no fado.
"Camané"
Hoje ouvi e não chorei.
Narcolepsia.
Pesa-me como chumbo. Faz-me curvar, esta sina, até não conseguir ver além das minhas passadas. Com o passar das horas pesa ainda mais. Com o passar do tempo, habituo-me. É uma vantagem.
Estou ebúrnea. Sou aquela que era. Aquela. Aquela que costumava ser. Porém, de acordo com sinais erróneos, custa. Custa tanto quanto pensar. Elaborar textos de maneira a expressar-me é o que anda me resta. Ainda. Digo, ainda. E ainda que seja somente isto que me resta, é o que me rege.
Posso pensar - e penso - que me ouves baixinho. Como um sussurro lento e melancólico. Mas, será que a mensagem fica? Penso e, pouco depois, anuo. Não não me ouves num sussurro lento e melancólico. Ouves-me aos gritos dentro do teu corpo. A percorrer-te que nem louca. Claro! Claro como a passagem pelo caminho barulhento de hoje. E de ontem. E, claro está, como o de amanhã será.
Posto isto, tento levantar as pálpebras para evitar a queda. Só a queda - ou a sua possibilidade - me demove. Depois, quando finalmente levanto as pálpebras e não caio, desejo ter os olhos cravados nas minhas passadas. Não suporto aqueles olhares. Indiscretos. Verdes. Penetrantes. São como supositórios falantes. Com sorrisos distorcidos. Degradados, derretem sob a sua própria ignorância.
Ah! Ignorância. Apodera-te de mim! Cessa-me os soluços. Enxuga-me os rios tristes que nascem e desaguam neste corpo. Permite que seja feliz. Permite que me derreta.
Para ti. Sempre.
Estou ebúrnea. Sou aquela que era. Aquela. Aquela que costumava ser. Porém, de acordo com sinais erróneos, custa. Custa tanto quanto pensar. Elaborar textos de maneira a expressar-me é o que anda me resta. Ainda. Digo, ainda. E ainda que seja somente isto que me resta, é o que me rege.
Posso pensar - e penso - que me ouves baixinho. Como um sussurro lento e melancólico. Mas, será que a mensagem fica? Penso e, pouco depois, anuo. Não não me ouves num sussurro lento e melancólico. Ouves-me aos gritos dentro do teu corpo. A percorrer-te que nem louca. Claro! Claro como a passagem pelo caminho barulhento de hoje. E de ontem. E, claro está, como o de amanhã será.
Posto isto, tento levantar as pálpebras para evitar a queda. Só a queda - ou a sua possibilidade - me demove. Depois, quando finalmente levanto as pálpebras e não caio, desejo ter os olhos cravados nas minhas passadas. Não suporto aqueles olhares. Indiscretos. Verdes. Penetrantes. São como supositórios falantes. Com sorrisos distorcidos. Degradados, derretem sob a sua própria ignorância.
Ah! Ignorância. Apodera-te de mim! Cessa-me os soluços. Enxuga-me os rios tristes que nascem e desaguam neste corpo. Permite que seja feliz. Permite que me derreta.
Para ti. Sempre.
quinta-feira, 8 de março de 2012
Amantes.
És a minha realidade e o meu devaneio,
O aprumado morro golpeado.
És o meu mais esplêndido anseio clandestino,
e eu a veracidade que tanto aspiras.
Jaze invencível, mas não longínquo,
porque és um devaneio de fortuna
e muito mais do que o acaso.
És a minha utopia, és a minha puberdade!
E na tua alma está o eco de tudo o que invocamos.
O meu imo tem uma historieta cingida,
maltratada pela aflição e por bel-prazer,
o amplo amor que te consagra.
A verdade é só a alma trovadora
onde nos beijamos, amantes,
completados no mundo da incidência e do adeus.
Desde que és a minha doidice tricotada,
O aprumado morro golpeado.
És o meu mais esplêndido anseio clandestino,
e eu a veracidade que tanto aspiras.
Jaze invencível, mas não longínquo,
porque és um devaneio de fortuna
e muito mais do que o acaso.
És a minha utopia, és a minha puberdade!
E na tua alma está o eco de tudo o que invocamos.
O meu imo tem uma historieta cingida,
maltratada pela aflição e por bel-prazer,
o amplo amor que te consagra.
A verdade é só a alma trovadora
onde nos beijamos, amantes,
completados no mundo da incidência e do adeus.
Desde que és a minha doidice tricotada,
o teu sopro cheio de sol virou o meu sono.
Arrazoando que significarias apenas uma atracção,
uma alegoria de inchaço, irretorquível e frígida.
E assim não és, nem habitas em mim.
Mas confio o sol ao meu espírito.
E tu és o lume que me incinera
porque tudo que amamos, inventamos!
Arrazoando que significarias apenas uma atracção,
uma alegoria de inchaço, irretorquível e frígida.
E assim não és, nem habitas em mim.
Mas confio o sol ao meu espírito.
E tu és o lume que me incinera
porque tudo que amamos, inventamos!
Para ti. Sempre. Sempre.
quarta-feira, 7 de março de 2012
Deixa estar tudo no mesmo sítio.
Hoje senti-me tão sozinha. Era como se eu não conhecesse
ninguém, não tivesse mais ninguém com quem contar. Nenhum rosto na rua,
conhecido. Sentei-me no metro, coloquei os phones e,desatei a chorar. Na rádio tocava 'Case of You'
de Joni Mitchell. Nem me importei se estava alguém a ver-me. Desejei nunca mais ter que sair
daquele Metro. Pergunto-me todos os dias
o que faço de errado e porque acabo sempre por estragar tudo. Acho que eu sou
fraca e vou acabar sozinha, gorda, a ver um filme sobre gatos na RTPMemória,
descabelada, devorando litros de gelado de melão.
Acho que eu não sirvo nem para mim, e faz algum tempo que não escrevo coisas assim...de mim para alguém que venha ler isto. Ridículo! Porque ninguém tem que vir aqui ler as minhas coisas.
É como eu disse... Esta solidão. Parece o fim do mundo. Será que um dia eu vou sentir-me melhor? Eu não espero que a resposta venha aqui, deste post. Estou só a vomitar o que sinto, na realidade.
Ah, eu fico revoltada com uma coisa. Todo o mundo chinfrina, todo o mundo se odeia, todo mundo trai e, essas pessoas sempre ficam juntas para sempre. MAS PORQUÊ????????????
Não queria acordar mais...dormir parece ser a melhor solução. As coisas que eu sinto são sempre grandes demais, intensas demais. E sim, eu vou morrer se o meu coração quebrar novamente. E sim, vou morrer, nem que seja por muito tempo. Pra mim isso é morrer, e eu acho que nunca vou ficar bem.
Ser eu é uma coisa que eu não desejo a ninguém, sinceramente. Essa dependência pelas coisas, essa falta de coerência eterna.
Eu sou uma hipérbole, prazer.
Acho que eu não sirvo nem para mim, e faz algum tempo que não escrevo coisas assim...de mim para alguém que venha ler isto. Ridículo! Porque ninguém tem que vir aqui ler as minhas coisas.
É como eu disse... Esta solidão. Parece o fim do mundo. Será que um dia eu vou sentir-me melhor? Eu não espero que a resposta venha aqui, deste post. Estou só a vomitar o que sinto, na realidade.
Ah, eu fico revoltada com uma coisa. Todo o mundo chinfrina, todo o mundo se odeia, todo mundo trai e, essas pessoas sempre ficam juntas para sempre. MAS PORQUÊ????????????
Não queria acordar mais...dormir parece ser a melhor solução. As coisas que eu sinto são sempre grandes demais, intensas demais. E sim, eu vou morrer se o meu coração quebrar novamente. E sim, vou morrer, nem que seja por muito tempo. Pra mim isso é morrer, e eu acho que nunca vou ficar bem.
Ser eu é uma coisa que eu não desejo a ninguém, sinceramente. Essa dependência pelas coisas, essa falta de coerência eterna.
Eu sou uma hipérbole, prazer.
Para ti.
http://www.youtube.com/watch?v=u5CVsCnxyXg&feature=endscreen&NR=1
http://www.youtube.com/watch?v=u5CVsCnxyXg&feature=endscreen&NR=1
Asas.
As asas são para voar
Naquele dia, o Jorge esperava-me com um conto na ponta da língua.
— Meu filho: nem todos nascemos com asas. Embora seja
verdade que não tens obrigação de voar, creio que seria uma pena
limitares-te a caminhar, tendo as asas que o bom Deus te concedeu.
— Mas eu não sei voar — respondeu o filho.
— É verdade… — disse o pai. E, caminhando, levou-o até à beira de um precipício.
— Vês, filho? Este é o vazio. Quando quiseres voar, vens até aqui, apanhas ar, saltas para o abismo e, abrindo as asas, voarás.
O filho hesitou.
— E se cair?
— Se caíres, não morrerás. Ficarás apenas com algumas
nódoas negras, que te tornarão mais forte para a tentativa seguinte —
replicou o pai.
O filho voltou para a aldeia, para junto dos seus
amigos e companheiros, com os quais caminhara toda a sua vida. Os de
vistas mais estreitas, disseram:
— Estás louco? Para quê? O teu pai enlouqueceu… Para
que é que precisas de voar? Deixa-te de disparates! Quem é que precisa
de voar?
Os melhores amigos aconselharam:
— E se for verdade? Não será perigoso? Porque não
começas aos pouquinhos? Experimenta atirar-te do alto de uma escadaria
ou da copa de uma árvore. Mas… do cimo de um precipício?
O jovem escutou o conselho dos seus amigos queridos.
Subiu à copa de uma árvore e, enchendo-se de coragem, saltou. Abriu as
asas, adejou-as em pleno ar, com todas as suas forças, mas infelizmente
despenhou-se.
Com um grande galo na testa, cruzou-se com o seu pai.
— Mentiste-me! Não consigo voar. Experimentei e olha
para o galo com que fiquei! Não sou como tu. As minhas asas só servem
para decoração.
— Meu filho — disse o pai —, para voar é preciso
criar espaço livre para que as asas se possam abrir. É como atirar-se de
pára-quedas: precisas de uma certa altura antes de saltar.
(Jorge Bucay)
O tempo vai passar por ti.
Nasci hoje de madrugada
vivi a minha infância esta manhã
e cerca do meio-dia
já passava a minha adolescência.
E não é que me assuste
que o tempo passe por mim tão depressa.
Só me inquieta um pouco pensar
que talvez amanhã
eu seja
demasiado velho
para fazer o que deixei pendente.
(in Contos para Pensar - Jorge Bucay)
vivi a minha infância esta manhã
e cerca do meio-dia
já passava a minha adolescência.
E não é que me assuste
que o tempo passe por mim tão depressa.
Só me inquieta um pouco pensar
que talvez amanhã
eu seja
demasiado velho
para fazer o que deixei pendente.
(in Contos para Pensar - Jorge Bucay)
terça-feira, 6 de março de 2012
Uma história para pensar.
"Caminhava distraidamemte pelo caminho e, de repente, viu-o.
Ali estava o imponente espelho de mão, ao lado da vereda, como se estivesse à sua espera.
Aproximou-se, levantou-o do chão e comtemplou-se nele.
Viu-se bem.
Não se viu tão jovem, mas os anos tinham sido bastante benignos para ele.
No entanto, havia alguma coisa desagradável na sua própria imagem.
Certa rigidez nos gestos ligava-o aos aspectos mais azedos da sua própria história.
A raiva.
O desespero.
A agressão.
O abandono.
A solidão.
Sentiu a tentação de o levar, mas depressa pôs de parte a ideia. Já havia bastantes coisas desagradáveis no planeta para carregar mais uma.
Decidiu ir-se embora e esquecer para sempre aquele caminho e aquele espelho insolente.
Caminhou durante horas procurando vencer a tentação de voltar até ao espelho. Aquele objecto misterioso atraía-o como os ímans atraem os metais.
Resistiu e acelerou o passo.
Trauteava canções infantis para não pensar naquela imagem horrível de si mesmo.
A correr, chegou à casa onde tinha vivido desde sempre. Meteu-se vestido na cama e tapou a cabeça com os lençóis.
Já não via o exterior, nem a vereda, nem o espelho, nem a sua própria imagem reflecida no espelho. Mas não podia evitar a recordação daquela imagem.
A do ressentimento,
da dor,
da solidão,
da falta de amor,
do medo,
do desprezo.
Havia certas coisas indizíveis e impensáveis.
Mas ele sabia onde tinha começado tudo aquilo...
Tinha começado naquela tarde, havia trinta e tantos anos...
O menino estava estendido, a chorar diante do lago a dor dos maus tratos dos outros.
Naquela tarde, o menino decidiu apagar, para sempre, a letra do alfabeto.
Aquela letra.
Aquela.
A letra necessária para nomear o outro se estiver presente.
A letra imprescindível para falar aos outros ao dirigir-lhes a palavra.
Se não houvesse maneira de os nomear, deixariam de ser desejados...
E então não haveria motivo para os sentir necessários...
E sem motivo nem forma de os invocar sentir-se-ia, por fim, livre...
EPÍLOGO
Escrevendo sem «u»
posso falar até do meu cansaço,
do que te pertence, do que me pertence,
do que tenho,
do que me cabe...
Até posso escrever sobre ele,
sobre eles,
e sobre os demais.
Mas sem «u»
não posso falar dos outros,
do tu,
não posso falar do seu,
do teu,
nem sequer do conjunto de nós todos.
Às vezes perco o «u»...
E deixo de poder falar-te,
pensar em ti, amar-te, dizer-te.
Sem «u», fico comigo mas tu desapareces...
E sem poder nomear-te,
como poderia desfrutar-te?
Como no conto... se tu não existes
condeno-me a ver o pior de mim mesmo
reflectindo-se eternamente
no mesmo,
mesmíssimo,
estúpido
espelho.
(In Contos para pensar - Jorge Bucay)
Ali estava o imponente espelho de mão, ao lado da vereda, como se estivesse à sua espera.
Aproximou-se, levantou-o do chão e comtemplou-se nele.
Viu-se bem.
Não se viu tão jovem, mas os anos tinham sido bastante benignos para ele.
No entanto, havia alguma coisa desagradável na sua própria imagem.
Certa rigidez nos gestos ligava-o aos aspectos mais azedos da sua própria história.
A raiva.
O desespero.
A agressão.
O abandono.
A solidão.
Sentiu a tentação de o levar, mas depressa pôs de parte a ideia. Já havia bastantes coisas desagradáveis no planeta para carregar mais uma.
Decidiu ir-se embora e esquecer para sempre aquele caminho e aquele espelho insolente.
Caminhou durante horas procurando vencer a tentação de voltar até ao espelho. Aquele objecto misterioso atraía-o como os ímans atraem os metais.
Resistiu e acelerou o passo.
Trauteava canções infantis para não pensar naquela imagem horrível de si mesmo.
A correr, chegou à casa onde tinha vivido desde sempre. Meteu-se vestido na cama e tapou a cabeça com os lençóis.
Já não via o exterior, nem a vereda, nem o espelho, nem a sua própria imagem reflecida no espelho. Mas não podia evitar a recordação daquela imagem.
A do ressentimento,
da dor,
da solidão,
da falta de amor,
do medo,
do desprezo.
Havia certas coisas indizíveis e impensáveis.
Mas ele sabia onde tinha começado tudo aquilo...
Tinha começado naquela tarde, havia trinta e tantos anos...
O menino estava estendido, a chorar diante do lago a dor dos maus tratos dos outros.
Naquela tarde, o menino decidiu apagar, para sempre, a letra do alfabeto.
Aquela letra.
Aquela.
A letra necessária para nomear o outro se estiver presente.
A letra imprescindível para falar aos outros ao dirigir-lhes a palavra.
Se não houvesse maneira de os nomear, deixariam de ser desejados...
E então não haveria motivo para os sentir necessários...
E sem motivo nem forma de os invocar sentir-se-ia, por fim, livre...
EPÍLOGO
Escrevendo sem «u»
posso falar até do meu cansaço,
do que te pertence, do que me pertence,
do que tenho,
do que me cabe...
Até posso escrever sobre ele,
sobre eles,
e sobre os demais.
Mas sem «u»
não posso falar dos outros,
do tu,
não posso falar do seu,
do teu,
nem sequer do conjunto de nós todos.
Às vezes perco o «u»...
E deixo de poder falar-te,
pensar em ti, amar-te, dizer-te.
Sem «u», fico comigo mas tu desapareces...
E sem poder nomear-te,
como poderia desfrutar-te?
Como no conto... se tu não existes
condeno-me a ver o pior de mim mesmo
reflectindo-se eternamente
no mesmo,
mesmíssimo,
estúpido
espelho.
(In Contos para pensar - Jorge Bucay)
domingo, 4 de março de 2012
O amor?
O tempo, a imagem.
O caminhar perpendicular.
Aversão restiva em olhos frígidos,
olhos tão castanhos e tão vácuos.
O alarme, o sepulcro,
o caminhar oblíquo,
obstinação ao sentimento brilhante;
onde está, agora, aquele amor flébil?
Momentos acres, abstratos,
outras lembranças do período afortunado,
o anseio de regressar:
o mesmo sol faiscaria, talvez.
O derradeiro dia, o adeus,
o período, a figura
aversão chamejante dos teus olhos.
O amor? Está aqui. Isso é um facto.
O empíreo geme. Eu também.
O amor?
O caminhar perpendicular.
Aversão restiva em olhos frígidos,
olhos tão castanhos e tão vácuos.
O alarme, o sepulcro,
o caminhar oblíquo,
obstinação ao sentimento brilhante;
onde está, agora, aquele amor flébil?
Momentos acres, abstratos,
outras lembranças do período afortunado,
o anseio de regressar:
o mesmo sol faiscaria, talvez.
O derradeiro dia, o adeus,
o período, a figura
aversão chamejante dos teus olhos.
O amor? Está aqui. Isso é um facto.
O empíreo geme. Eu também.
O amor?
sexta-feira, 2 de março de 2012
Ela.
"Prelúdio:
Não era de desconhecer que ela, dantes dominadora soberana dos amores inexequíveis, após um atrofiar ronceiro e atroz, expirasse isolada nos braços de desconhecidos. Foi descoberta sem actividade, num qualquer quelho de ébrios de cólera e de asco.
No seu enterro, achavam-se duas carpideiras, e o coveiro; a vacuidade de um préstimo monástico manifestava o delito da sua presença.
Nem cista obteve; foi desaguada num incógnito barranco de um fossário precipitado de almas vagabundas – o catre mortuário seria, também, fundamental para outras extinções comunicadas - assim como a estéril mortalha que, outrora ebúrnea, era já jamanta rota de máculas, pelo que foi, arremessada nua, a uma muito pouco imaginada depressão trivial, empanturrada de outros resquícios funestos.
Capítulo único:
Ela era a dominadora altiva dos amores inexequíveis, cativada por sonhadores imoderados em retirada de si próprios; a arrojada, que deles se intencionava inspiração, arreliava-os.
Olhos, onde ela os cravasse, logo lhe protestavam o património e convertiam-se invejosos caso outros se atrevessem alçar para o corpo tido; qualquer incauto vate que afoitasse sorver do seio intumescido de sícera da dama desses olhos, ébrio e defraudado da sua analogia – poeta contemplado, poeta confiscado – se proferia.
Ela deliciava o sonhador com aguadilhas lânguidas de seu sexo, com líquidos lácteos da sua bílis corporal e subjugava-o instantaneamente aos vínculos do ferruncho e da catástrofe, qual vergôntea arguta. Espiava-o com a coadjuvação das suas cativas gárgulas, fantasias e harpias que o esporeavam de sofrimento, de horror, de contestação e de angústia. Coitado daquele que tombasse nas suas garras! Jamais ousaria empinar a voz que lhe era abreviada a carpidos delirantes e a ímprobo cativeiro, endoidecendo no estrebuchar de quem se afoga e tem presente a sua imperecível ânsia.
Mas, se ele tentasse ejacular mais que um gemido e difamar a sua buena-dicha, de imediato ela lhe injectaria o vírus da sua patológica displicência e o aprisionaria no ergástulo do seu emudecimento.
Todavia, um deles esburacou as carnes escapando-se às correntes da perversidade. Apartou o açaime do mutismo tributado e vociferou a sua cólera. Arroste!
Réproba. Ela. Sugerida à mágoa da sua debilidade, sujeita à sua própria esparrela até que, enfartados, fosse demolida pela inquietação de uma extinção lenta e vaticinada.
E, assim, ela estalou: desprotegida, desconsiderada de quaisquer sentimentos, execrada, rompida pelo ódio. Pelo seu ódio. E nem as gárgulas se enterneceram na sua hirta petrificação…
Desenlace:
O sonhador é, agora, um ser informe que veleja atalhos do ignoto e da anamnese.
Foram-lhe impedidos a escrita, os panegíricos, as cantigas e as melodias que a poderiam restaurar.
Para ti. Sempre.
Não era de desconhecer que ela, dantes dominadora soberana dos amores inexequíveis, após um atrofiar ronceiro e atroz, expirasse isolada nos braços de desconhecidos. Foi descoberta sem actividade, num qualquer quelho de ébrios de cólera e de asco.
No seu enterro, achavam-se duas carpideiras, e o coveiro; a vacuidade de um préstimo monástico manifestava o delito da sua presença.
Nem cista obteve; foi desaguada num incógnito barranco de um fossário precipitado de almas vagabundas – o catre mortuário seria, também, fundamental para outras extinções comunicadas - assim como a estéril mortalha que, outrora ebúrnea, era já jamanta rota de máculas, pelo que foi, arremessada nua, a uma muito pouco imaginada depressão trivial, empanturrada de outros resquícios funestos.
Capítulo único:
Ela era a dominadora altiva dos amores inexequíveis, cativada por sonhadores imoderados em retirada de si próprios; a arrojada, que deles se intencionava inspiração, arreliava-os.
Olhos, onde ela os cravasse, logo lhe protestavam o património e convertiam-se invejosos caso outros se atrevessem alçar para o corpo tido; qualquer incauto vate que afoitasse sorver do seio intumescido de sícera da dama desses olhos, ébrio e defraudado da sua analogia – poeta contemplado, poeta confiscado – se proferia.
Ela deliciava o sonhador com aguadilhas lânguidas de seu sexo, com líquidos lácteos da sua bílis corporal e subjugava-o instantaneamente aos vínculos do ferruncho e da catástrofe, qual vergôntea arguta. Espiava-o com a coadjuvação das suas cativas gárgulas, fantasias e harpias que o esporeavam de sofrimento, de horror, de contestação e de angústia. Coitado daquele que tombasse nas suas garras! Jamais ousaria empinar a voz que lhe era abreviada a carpidos delirantes e a ímprobo cativeiro, endoidecendo no estrebuchar de quem se afoga e tem presente a sua imperecível ânsia.
Mas, se ele tentasse ejacular mais que um gemido e difamar a sua buena-dicha, de imediato ela lhe injectaria o vírus da sua patológica displicência e o aprisionaria no ergástulo do seu emudecimento.
Todavia, um deles esburacou as carnes escapando-se às correntes da perversidade. Apartou o açaime do mutismo tributado e vociferou a sua cólera. Arroste!
Réproba. Ela. Sugerida à mágoa da sua debilidade, sujeita à sua própria esparrela até que, enfartados, fosse demolida pela inquietação de uma extinção lenta e vaticinada.
E, assim, ela estalou: desprotegida, desconsiderada de quaisquer sentimentos, execrada, rompida pelo ódio. Pelo seu ódio. E nem as gárgulas se enterneceram na sua hirta petrificação…
Desenlace:
O sonhador é, agora, um ser informe que veleja atalhos do ignoto e da anamnese.
Foram-lhe impedidos a escrita, os panegíricos, as cantigas e as melodias que a poderiam restaurar.
Para ti. Sempre.
quinta-feira, 1 de março de 2012
Coisa Nenhuma.
Frivolidades de Coisa Nenhuma
O despeito amoroso atraiçoa o mais reservado de todo um ser. Abjura-o na sua concessão. Aprisiona-o em fluxos de iniquidade e ardis tenebrosos. Culpa-o e sentencia-o a um extermínio arrastado de si mesmo. Cerca-o de hostilidade e de chacota. Despeja-o de melindre e cabeça. Submerge-o na demência da improbabilidade e tortura-o na ininterrupta alegação sem causas.
O que resta, após? Coisa Nenhuma!
Também, Coisa Nenhuma existiu. Durou, a Coisa Nenhuma, eras em demasia. Como erva trepadora que não foi esculpida no brotar de peçonha e de ganância.
Essa Coisa Nenhuma pode sintetizar-se a anãs ilusões, amplas utopias e qualquer apática permuta de fluídos orgânicos.
E, dessa Coisa Nenhuma, sobeja culpa de que essa Coisa Nenhuma tenha sucedido por uma grosseira vontade sexual de ocasião.
Não choca que o dolo se encorpe nessa Coisa Nenhuma. Como Coisa Nenhuma que foi, não havia alicerce consistente para a sobrevivência ao despeito.
E o ciúme chacinou o hipotético "amor" que era Coisa Nenhuma!
E assim, também Coisa Nenhuma expirou. E nem deixou pesares, apenas um despeito aceso.
Não! Inúmeras vezes, não! Elejo a inexaurível solidão.
O despeito amoroso atraiçoa o mais reservado de todo um ser. Abjura-o na sua concessão. Aprisiona-o em fluxos de iniquidade e ardis tenebrosos. Culpa-o e sentencia-o a um extermínio arrastado de si mesmo. Cerca-o de hostilidade e de chacota. Despeja-o de melindre e cabeça. Submerge-o na demência da improbabilidade e tortura-o na ininterrupta alegação sem causas.
O que resta, após? Coisa Nenhuma!
Também, Coisa Nenhuma existiu. Durou, a Coisa Nenhuma, eras em demasia. Como erva trepadora que não foi esculpida no brotar de peçonha e de ganância.
Essa Coisa Nenhuma pode sintetizar-se a anãs ilusões, amplas utopias e qualquer apática permuta de fluídos orgânicos.
E, dessa Coisa Nenhuma, sobeja culpa de que essa Coisa Nenhuma tenha sucedido por uma grosseira vontade sexual de ocasião.
Não choca que o dolo se encorpe nessa Coisa Nenhuma. Como Coisa Nenhuma que foi, não havia alicerce consistente para a sobrevivência ao despeito.
E o ciúme chacinou o hipotético "amor" que era Coisa Nenhuma!
E assim, também Coisa Nenhuma expirou. E nem deixou pesares, apenas um despeito aceso.
Não! Inúmeras vezes, não! Elejo a inexaurível solidão.
Para ti. Sempre.
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