quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Lição.

Hoje aprendi que a cama também serve para dormir.

Vou tentar. :)

Ele.

Estou a falar com ele agora mesmo. Está deprimido. Eu disse que passava. E espero mesmo que sim. Para deprimida, chego eu e sobro.
É doloroso falar com ele. Mas ao mesmo tempo é tão bom. As minhas pernas tremem descontroladamente.

Hoje estou muito mal. Nem escrever consigo.
Mas penso em ti.

Para ti.

Para ti, meu amor,
Que me ouves no alto das tuas colinas,
Que me vês de baixo e que me fascinas,
Com armadura polida, brilhante... Meu cavaleiro...
Danço para ti o que aprendi com as boninas,
Ofereço-te mariposas bailarinas... Botão de rosa como germinas.


Para ti, meu amor,
Para o qual não há rodeios,
Apenas palavras subtis, não há falta de meios,
Imploro mais um louco olhar, um cobiçar!
Arranco tudo, bem fundo... Liberto prisioneiros,
Outrora peixes, outrora veleiros.


Para ti, meu amor,
Que antes nada me dizias, que não entendias,
Não olhavas, nem nada fazias,
Há apenas um parecer... Um doce merecer,
Onde todas as cores que libertas... Arco-íris irradias,
Eram embrulhos de fadas o que me oferecias.


Para ti meu amor...
Não há palavras... vendidas, roubadas, corrompidas,
Há gargalhadas embaladas, lágrimas já lavadas,
Não há lugares longes e equidistantes... Como antes,
Há ondas em instantes, ventos quentes há bastantes e estrelas caçadas...
As nossas formas já traçadas entre linhas já delineadas...


Para ti, meu amor,
Há apenas um poço sem fundo,
Onde guardo todo o meu génio, todo o meu mundo!

Foste.

Foste o tudo e o nada.
Mas foste.

A Noite.

A noite é demasiado dolorosa.
Choro agarrada à almofada para conseguir abafar os soluços. É um choro em catadupa que me transporta para um local que já não existe. O nosso local. O "nós".
Anda! Porque não voltas? Porque não te chamo!? É isso?
Volta, amor. Volta...

Para ti. Sempre.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

"Obrigada"

Sabes o que mais me custa?
É não saber se sabes o que que eu quero que tu saibas. Porque, na realidade, é tão simples! Quero-te a ti. Gostava de te sentir próximo.
Ontem trocámos um sms. Remataste com um seco: "Obrigada". Como se para mim não fosse um prazer delirante receber uma notícia tua...
Mas, fui eu quem te afastou. Pela força de circunstâncias que, se na altura pareciam insuportáveis, agora não importariam minimamente. Só que na altura - na nossa altura - eu não imaginava o que era estar longe de ti. Não receber incessantes palavras tuas. Não receber coisa alguma tua. É. Assim é complicado. Por vezes dou comigo com dificuldade em respirar. Por vezes nem uma palavra consigo articular. Fico embargada. A garganta entope de mágoa.
Se fosse hoje seria diferente. Seria, sim. És a minha pessoa. Mesmo longe és a minha pessoa.
Desculpa.

Nos mutismos barulhentos da noite,
Venço-me na ânsia enérgica
Da agripnia que me castra o sono.
Desfilam castros de recordações
Que teimam ser a maldição crua
De lágrimas estéreis já vertidas.

Tento adormecer o sono negado,
Afastar os pesadelos que persistem,
Negar os sonhos que me cercam
De emoções, sentimentos e razões.
Tento libertar-me das vis vivências,
Remetê-las à urna do esquecimento,
Cortar pela raiz deleitosos suspiros,
Imolá-los na pira fúnebre da negação.

Se a nostalgia se demora na inexistência
De um amor vivenciado pelo além-mundo,
Que psicopatia me sonegou os flagelos
Da solidão, do desalento, da fúria, da mágoa?
Não! Nenhuma patologia me narcotiza.
Só a convicção que esta saudade não vive.

Alquebro enfim; não são mais que resquícios
De uma época afligida por aparências efémeras,
Tentando atestar-se de direitos concúbitos,
Ou a usufruto edaz do meu ser em desalinho.
Rogo à aurora que não me acorde mais;
Ao dia que decorra envergonhado;
À noite para não sentir nem saudade, nem dor.



Para ti. Sempre.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A ti.

A ti.


Inventava-te perpetuamente, nestes trilhos onde os embates são tão entusiásticos. Nesse caso,
prorrogava as mãos até ti e polia-te o semblante, como quem quer abalar e permanecer nesta
convergência esboçada a duas mãos e colorações mate. São transitórios, os perímetros do meu
corpo e embaciados os meneios caricaturados num traslado da noite. Só as minhas mãos hesitantes
cochicham os apólogos afugentados pela corrosão do prazo e avizinhados a fortuitos trajectos.
Naqueles dias, a mágoa adquiriu-me e não mais fui. Compus sensivelmente um bosquejo de como te
cursar os trechos.

(Transeunte das momentas mortas em que morrer será eternamente um atalho).

Mas, habito assim na aquiescência dos dias, em que ir é, também, permanecer, caso me lembre de novo quem eu
sou. Careço deste mutismo enfeitiçado, em que amar é debater sobre um afecto presente num corpo destinado.
Esqueci-me há já algum tempo, por não ter tempo para nele me contemplar. Estão lá todos os olhares que trocámos,
todas as palavras que esboçámos paralelas no tempo, em que fomos tudo o que quisemos.

Eu fui vacuidade imprudente. Tu, perseverança corpórea.
Tu, foste eternamente tu. Eu fui sendo nos teus olhos, a invisibilidade de um exclusivo carácter.
Como seguir-te os trechos? Já nada me prende cá. Sou só alguma pessoa que se arruína nas
súplicas que cala sentindo que as mesmas são só um jornadear contra o prazo. Ouvi-as num carpido arado em
lençóis de linho intacto. Esta estirpe que se cimenta no próprio semblante é nobre e resplandecente, e eu, fixei-me
nessa candidez. Há evasões que são uma dádiva em cada enviesa torta com novos encontros à espera. No
desembarcadouro há sigilos arrecadados de outros períodos.
(Será que idolatrei e não vi que no teu atalho há um refúgio mais seguro?)

Já fui abrolhos nas rosas e âmago em perfurados devaneios. Agora sou pétala débil, onde mora a plangência. Não me acredites despida. Não o sei ser! Perdi-me nessa alvura e anulei os caracteres pincelados na minha cútis.

Para ti. Sempre.



domingo, 26 de fevereiro de 2012

Chorei. Afinal.

Já chorei. Afinal.

Quando?

Tenho tanta necessidade de escrever o que sinto, como de apagar o que escrevi logo de seguida.
Isto, porque, o que sinto agora não é o que senti antes nem, tampouco, o que vou sentir daqui a míseros instantes. Numa palavra, inconstante.
É. A sensação é terrível. Vivo com as emoções a galgar boca fora. Directamente para um público feroz e voraz. E, por tantas vezes, inexistente.
Quando me questiono - questiono sempre - quase desfaleço. Não gosto de me colocar em causa. Luto por fazer o correcto mas... que é isso? O correcto? Que merda é essa? Ideias pré-concebidas de situações inequívocas? Bah! Assim é fácil.
Estou cansada. Mas penso em ti. Sempre. Com tanta força!

Vem mesmo a calhar.
Mais uma das minhas alienações.


Sempre Vieste.


Sempre Vieste

Quem sou já não sei. Não evoco. Não passo
de uma ignóbil sombra do meu pretérito.
Pretérito fátuo.
Já nada sei… Já nada completo.

O meu coração feito de hálitos
fina-se desgarrado.
O meu esqueleto da existência matado
Inflama-se num fogaréu do subúrbio.

Tudo tenho, mas tudo me falta.
Falta-me a benquerença e o gáudio
Duma existência cheia de pacificação.

No meu seio o coração galga,
Quando prognostico que não sou capaz
De durar sem ti, minha chama cicerone.

Sou papoila soberana
Sémen de intrujice visionária
Flor-de-lis fúlgida
Neste cativeiro que emurchece e me lasca.
Se te arrebatar, foge-me ou nega-me!
[És Tu! És Tu...sempre vieste!]

Mas não vieste.
Nem virás.
Hoje não choro. Não tenho forças.
Para ti. Sempre.

Amo-te.


Amo-te
Assim...
Um amor intacto...
Atulhado de meiguice...
Resguardado com brandura

Amo-te
Sem sentir-me tua...
Na perfeição da singeleza
De alma nua

Amo-te além de mim
E por amar-te tanto assim
O amor eu encobri.

Mesmo sem pronunciar...
Sem o declarar
Ele bate irracional
amaina-me
Nas ocasiões de dor

Amo-te
Tanto...
De mansinho...
Com carinho...
Sem ser amor doentio...

Amo-te
Somente pelo facto de existir
Fazer parte dos meus sonhos...
Das minhas incertezas e luz...

Amo-te
Porque sim...
Assim.

O fim.

O poder desta existência é ensurdecedora. Qualquer que seja o sentido daquilo que idealizo acaba sempre em ti.
De momento o que me sai é surdo. Ilegível. Incompreensível, até para mim.
De momento e, desde há muitos outros, o que quero, deitei por terra. Tenho as mãos consporcadas de remorsos e de não sei bem o quê.
De momento tenho a alma dorida de tanta pancada psicológica a que submeto esta mente já cansada.
Quero-te tanto.


Para ti. Sempre.