domingo, 26 de fevereiro de 2012

Sempre Vieste.


Sempre Vieste

Quem sou já não sei. Não evoco. Não passo
de uma ignóbil sombra do meu pretérito.
Pretérito fátuo.
Já nada sei… Já nada completo.

O meu coração feito de hálitos
fina-se desgarrado.
O meu esqueleto da existência matado
Inflama-se num fogaréu do subúrbio.

Tudo tenho, mas tudo me falta.
Falta-me a benquerença e o gáudio
Duma existência cheia de pacificação.

No meu seio o coração galga,
Quando prognostico que não sou capaz
De durar sem ti, minha chama cicerone.

Sou papoila soberana
Sémen de intrujice visionária
Flor-de-lis fúlgida
Neste cativeiro que emurchece e me lasca.
Se te arrebatar, foge-me ou nega-me!
[És Tu! És Tu...sempre vieste!]

Mas não vieste.
Nem virás.
Hoje não choro. Não tenho forças.
Para ti. Sempre.

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